Em escapadinha de fim de semana, e a caminho de casa passámos por Vila Velha de Rodão onde fizemos uma paragem para admirar as Portas de Ródão.
As Portas Ródão são um monumento natural nacional, referencial geográfico, uma importante marca da paisagem regional.
São um relevo de cerca de 400 milhões de anos observando-se uma imponente garganta escavada pelo rio Tejo na serra do Perdigão, que criou um estrangulamento no curso da água com 45 metros de largura.
Vigilante destas portas está o castelo do Rei Vamba.
Acredita-se que a sua origem remonta ao tempo da ocupação muçulmana embora se admita uma origem anterior.
A torre atalaia remanescente terá sido erguida, nos séculos XII a XIII, por indicação dos Templários. A poucos metros encontra-se o templo de Nossa Senhora do Castelo.
Como todo o bom Rei , este não é exceção e vem acompanhado de uma lenda, que reza assim:
“Vamba, rei suevo ou visigótico, fundou o castelo de Ródão, onde vivia com sua mulher, filhos e restante corte. Por força das andanças de caça e guerra ficava a rainha encarregue do governo, o que a levou em determinada altura a falar com o rei mouro que governava na outra margem. Namoravam sentados em cadeiras de pedra situadas numa e noutra margem das Portas. O namoro foi prolongado, como prolongada seria a ausência do rei, até que a rainha, de amores perdida, resolveu abandonar o seu rei e castelo e acolher-se à capital do rei mouro. O rei Vamba conhecedor destes amores, que uniam as margens do grande rio, mas furioso pelo desconchavo, muito prudentemente urdiu o estratagema necessário ao resgate da sua rainha. De combinação com os seus guerreiros e filhos, por caminhos ínvios, de forma a não ser detectado pelos espias do rei mouro, dirigiu-se para a sua capital, em cujas proximidades se esconderam com a prévia combinação que ao seu toque de trombeta lhe acudissem.
Disfarçado de peregrino, entrou no castelo do rei mouro, pedindo esmola, chegando a falar com a rainha sua mulher. Esta, ao reconhece-lo, fingiu ser prisioneira e escondeu-o no próprio quarto, avisando o rei mouro do mesmo. O rei Vamba, feito prisioneiro, pediu à generosidade do seu inimigo que lhe concedesse tocar pela última vez a sua corna. Tocou, tanto tocou, que os seus companheiros, já de atalaia, lhe acudiram, derrotaram o exército, mataram o rei mouro e trouxeram a rainha para o castelo de Ródão.
Julgada pelo conselho e por sugestão do filho mais novo, foi a rainha condenada a ser atada a uma mó de moinho e despenhada pela íngreme encosta para o Tejo, dizendo-se, ainda hoje, que por onde o corpo rolou nunca mais cresceu mato.
A rainha, ao saber de tão cruel castigo, teria proferido:
Adeus Ródão, adeus Ródão,
Cercada de muita murta
E terra de muita puta.
Não terás mulheres honradas
Nem cavalos regalados
Nem padres coroados.”
Fonte: https://www.lendarium.org/pt/apl/reis/a-lenda-da-tripla-maldicao-ou-lenda-do-rei-vamba